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16 de julho de 2010

"Requalificação Habitacional" - Casos Reais

Caso 1:

Fomos chamados para intervir na habitação de um senhor com problemas psiquiátricos graves. Ao chegar à habitação o cenário não era nada agradável. A casa que o senhor morava era um rés-do-chão, onde era notória a falta de condições, pois a casa não tinha iluminação suficiente, as portas e janelas estavam danificadas e havia carência de alguns electrodomésticos, tais como esquentador e máquina de lavar, como se isto não bastasse o senhor era um coleccionador…de lixo. O senhor pelos caminhos que andava durante o dia, encontrava roupa quer de homem quer de senhora, objectos estragados, nomeadamente quadros, malas, enfim um misto de objectos que estavam destinados às lixeiras, levava tudo para casa armazenando-os nos móveis e pelo chão.

A minha primeira impressão foi de que não iria ser nada fácil resolver as problemáticas que lá encontrei, mas após umas conversas com o senhor e algumas estratégias, para este não se chatear com a limpeza, lá consegui, em conjunto com a equipa fazer com que o senhor aceitasse a nossa ajuda e tudo correu pelo melhor. Conseguimos então eliminar os objectos e roupas, que há muito já deviam estar no lixo e limpar a habitação, sempre com a colaboração de funcionárias do apoio domiciliário de uma instituição da freguesia do utente, que nos disponibilizou utensílios para a limpeza, e conseguimos alguns electrodomésticos que o utente necessitava através da verba dos apoios complementares.

No final da intervenção, devido ao conjunto de dificuldades com que me deparei não pensei que fosse tarefa fácil, mas após começarmos, as dificuldades começaram a ser ultrapassadas e no fim o que restou foi uma enorme satisfação quer por mim, pela equipa, mas principalmente pelo utente, que no inicio não estava a perceber bem o que nós iríamos fazer na casa dele, mas no fim ficou bastante satisfeito com o trabalho realizado, reconhecendo que todos fizemos um excelente trabalho e que a partir daquela nossa intervenção iria viver muito melhor.

A ideia com que fiquei após este trabalho é que toda a gente tem o direito de viver como quer, e nós apenas temos de tentar orientar todas as pessoas, até com problemas psiquiátricos, para que estas vejam o que é melhor para elas, pois se ninguém se preocupar com estas questões e não lhes mostrar que podem viver melhor, essas pessoas irão viver para sempre em condições pouco dignas de um ser humano.

Marcelo Alves, Auxiliar de Acção Familiar
GAAS – Santa Casa da Misericórdia de Vizela


Caso 2:

A intervenção habitacional que realizei foi com uma família monoparental (feminina) com cinco filhos.
A habitação estava muito desorganizada, havia roupas amontoadas dentro dos armários, as paredes estavam escritas, os armários da cozinha tinham muitos alimentos, sendo que, alguns já estavam fora de validade. A parte da lavandaria estava cheia de roupa, toda misturada não se conseguindo saber qual era a lavada e qual era a suja.

Inicialmente não estava muito a vontade, pois não sabia qual iria ser a reacção da família e era estranho entrar lá e dar orientações, seria como uma invasão de privacidade, mas essa fase passou rápido pois utilizei algumas estratégicas para cativar a família, sendo esta também muito acessível tendo aceite bem as tarefas.
Para conseguirmos realizar esta tarefa de requalificação foi necessário pedir ajuda a algumas instituições do concelho, e até aos próprios familiares. Assim sendo, toda a ajuda conseguida passou pela aquisição móveis, tintas, roupas, mão-de-obra e ainda ao nível das roupas uma instituição que tinha lavandaria levou todas as roupas existentes na habitação para lavar, passar e sem dúvida alguma que foi de todo uma ajuda preciosa.

No final da intervenção e após muito tempo de esforço, a habitação parecia outra, a família ficou muito contente e a senhora comprometeu-se daí em diante ter sempre tudo organizado e iria ter mais cuidado para não voltar a acontecer o mesmo.
Em suma, para mim foi um grande desafio, que caracterizo hoje como muito positivo, pois são estas vitórias que nos ajudam a ultrapassar momentos que por vezes possam ser menos bons e que vão me tornando melhor profissional.

Ana Machado, Auxiliar de Acção Familiar
GAAS- Santa Casa da Misericórdia de Vizela

2 comentários:

  1. Parabéns pelo trabalho que estão a realizar, continuem!

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  2. Muito importante este trabalho realizado com as familias. Penso que se devia investir mais neste tipo de acções pois os benefeciários saem a ganhar bastante.

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