Foram realizados vários jogos durante três meses, o que permitiu estabelecer relação de confiança entre o técnico e os beneficiários. Esta actividade teve uma grande receptividade por parte dos mesmos.
Numa fase posterior, avançou-se para uma nova dinâmica de intervenção: a promoção cognitiva (uma vez que é uma área que está subdesenvolvida). Através de jogos como adivinhas, provérbios, associação de imagens pretende-se que os beneficiários exercitem a memória e estabeleçam um paralelismo com a vida quotidiana. Estas actividades têm sido alternadas com os jogos de sueca, já que funcionam como um estímulo importante. Para além disso, as sessões têm sido um espaço de troca de experiências, de angústia e anseios. Os participantes vão referenciando as dependências que têm e a forma como alguns deles lidam com as mesmas. O caso mais frequente é o hábito do tabaco, embora dois elementos já confessaram terem passado pelo processo de desintoxicação e tentativa de abstinência alcoólica.
Paralelamente às sessões em grupo, são realizadas sessões individuais que vão de encontro aos problemas de cada um (prevenção da recaída, motivação para a mudança, expectativas de futuro, gostos pessoais) de modo de ir ao encontro das especificidades de cada elemento do grupo, pois encontram-se em diferentes estados de motivação para a mudança e de dependência alcoólica.
Em colaboração com a enfermeira da Unidade de Cuidados à Comunidade, tem-se focado os diferentes aspectos da vida quotidiana: saúde, higiene pessoal e alimentação saudável. Nesta última, a questão do alcoolismo é levemente tratada, a par das questões gerais de uma alimentação saudável, como por exemplo a importância das principais refeições e os nutrientes/ alimentos mais saudáveis. No final desta exposição, a educadora e a enfermeira irão realizar com o grupo algumas sessões de culinária para a confecção das várias refeições saudáveis.
A intervenção, em contexto de gabinete, tem funcionado como a ponte para a intervenção em contexto domiciliário. Alguns beneficiários que participam no grupo só muito recentemente e, após as sessões colectivas e jogos de torneio, permitiram a intervenção domiciliária com as visitas semanais para trabalhar outras questões tais como a gestão e organização doméstica. Esta dinâmica tem permitido melhorar a relação com a equipa técnica e possibilitado trabalhar outras áreas. A educadora e as ajudantes familiares têm conseguido alguns progressos e, em particular, num dos membros do grupo foi possível reorganizar a habitação e introduzir algumas competências de organização. A casa estava atulhada de lixo e electrodomésticos velhos, sem água, sem frigorífico e fogão. Actualmente, a casa está organizada, tem água municipal (intervenção da empresa municipal), recebeu um apoio económico para um frigorífico e fogão, e mantém o plano de limpeza da sua habitação: tem varrido a casa, mudado a roupa de cama uma vez por semana e limpa a pano o chão. O passo seguinte passará na orientação na confecção de alimentos.
Não obstante o trabalho com este público-alvo é um processo longo e moroso que requer paciência, persistência e criatividade. Espera-se futuramente trabalhar outras problemáticas que permitam que o grupo melhore o auto-conceito, auto-estima, aspectos da vida quotidiana e percebam, por si próprios, as vantagens de alterar os hábitos de consumo de substâncias e se sintam motivados para essa mudança. Após atingir esta fase, iniciar-se-á a terapia de grupo e terapia individual (intervenção breve nas adições). Posto isto, espera-se que os elementos do grupo iniciem o tratamento e simultaneamente em colaboração com o GIP, o centro de emprego e a equipa interdisciplinar encontrar uma resposta (inserção profissional, ocupação de tempos livres, voluntariado) que os continue a motivar, a valorizar-se e a sentirem-se parte da sociedade.
Equipa da Associação S. cultural S. Gens de Salamonde
Isabel Peixoto
Catarina Vieira
Parabéns. Muito interessante.
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